Álvaro de Campos, Pseudônimo de Fernando Pessoa, nasceu em Tavira, em 1890 e viveu em Lisboa na inatividade sem constar data de morte. Era alto, magro e corcunda. Intelectual, teve uma educação vulgar de Liceu; depois foi mandado para a Escócia para estudar engenharia, primeiro a Mecânica e depois a Naval, mas não exerceu a profissão. É o heterônimo mais nervoso e emotivo, que por vez vai até à histeria. É considerado um poeta futurista. O poema do pseudônimo Álvaro de Campos de Fernando Pessoa está dividido em treze estrofes. O poeta inicia falando das madrugadas rotineiras da vida de um escritor, dos sentimentos que nasceram ao olhar pela madrugada e ver os problemas da sociedade, coloca seus sentimentos dizendo que ama todas as coisas para aumentar a sua personalidade, afirma que conhecendo o universo, estará conhecendo a si próprio. Compara a vida como uma grande feira e que jamais sossegará em desvendá-la. O pseudônimo fala dos seus sentimentos amorosos, refere-se a sua amada como superior a todas as flores e que não está ao seu alcance. Seu coração chora e que não tem quem o console verdadeiramente, mais adiante, afirma que sua dor é velha, inútil, silenciosa e triste que dentro de si falta algo. O autor faz relação da vida do pseudônimo com a vida das pessoas que vivem na cidade de Lisboa. Em meio ao silêncio da madrugada, ele acorda, e no seu pensamento tudo se torna nítido, a cidade em si. “Acordar da cidade de Lisboa, mais tarde do que as outras, Acordar da Rua do Ouro, Acordar do Rossio, às portas dos cafés, (...)”. Os problemas comovem-o, ele vê, ouve e percebe que todos são iguais. “São os sentimentos que nascem, (...) Tudo isto tende para o mesmo centro, Busca encontrar-se e fundir-se, Na minha alma (...)”. A sua vida não é diferente das demais, ele observa e presencia situações todas as noites, tentando compreender a realidade das pessoas, se considerando um confessor da madrugada. “(...) E o meu coração é um albergue aberto toda a noite (...) Que busca compreendê-la sentindo-a muito (...)”. Ao ver essas situações vividas por alguns moradores de Lisboa, ele pára, observa a sua vida e vê que em meio a tudo e todos, tem apenas a si próprio. “(...) Pertenço a tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio (...)”. Para tentar fugir de si ou da suas preocupações busca compreender tudo com ambição “(...) E a minha ambição era trazer o universo ao colo (...)”. As preocupações são fundamentadas no amor de uma mulher, que julga estar superior à beleza das flores, talvez ela não esteja ao seu alcance, pode ser comprometida. “(...) A mulher que chora baixinho, Entre o ruído da multidão em vivas (...)”. Esta poderia estar sofrendo por uma decepção amorosa, talvez traição. Mas ele a ama e sofre por isto. “(...) Minha dor é velha. Como um frasco de essência cheio de pó. Minha dor é inútil. Como uma gaiola numa terra onde não há aves, E minha dor é silenciosa e triste. Como a parte da praia onde o mar não chega (...)”. Quando relata que sua dor é como parte da praia aonde o mar não chega, pode estar se referindo a um amor platônico que está mergulhado nos seus sentimentos ou poderia estar falando do medo que tem de se declarar, devido a sua fisionomia, alto, magro e corcunda, se achando feio. Poderia ser rejeitado. O autor demonstra uma visão real da vida. Os problemas enfrentados pela mulher no passado, o sofrimento oculto do homem apaixonado amplia a visão de mundo, fazendo transparecer que a vida material sufoca os sentimentos e que nem por isto, devemos ser egocêntricos, esquecer do próximo e fugir da nossa realidade.
SANTOS. Euler Jackson Jardim. Resenha: Álvaro de Campos, Pseudônimo de Fernando Pessoa. Iramaia-BA. Agosto de 2009. Disponível em: https://prosasobreversos.blogspot.com/
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