sábado, 15 de agosto de 2009

Conto: A Aldeia dos Ottawas.

Em um lugar muito distante, nas montanhas encantadas (Tinham esse nome, devido aos acontecimentos misteriosos que eram costumeiros). Bem entre o seu centro situava a aldeia dos ottawas um povo arredio que se limitava a viver segundo os seus costumes e tradições, que às vezes chegavam a ser horripilantes, pois os seus primeiros filhos eram oferecidos ao deus lobo, para acalmar a sua fúria. Amarravam-lhes as pernas e os braços em arbustos no meio do bosque encantado, e os abandonavam depois de fazerem rituais, onde uma velha horrorosa por nome de Zípora invocava o deus lobo, batendo nas crianças com chocalhos retirados de cobras-cascavel.

Os Ottawas afirmavam que se não sacrificassem alguém inocente, o deus lobo transformaria todas as pessoas em lobo. Certo dia, eles deixaram de realizar o sacrifício, o qual acontecia uma vez por ano, sempre em noite de lua nova. E por causa da desobediência dez guerreiros da aldeia se transformaram em lobos e desapareceram no bosque encantado. A velha Zípora sorria no meio da aldeia e gritava com som estridente – “ninguém escapa da fúria do deus lobo”. No mesmo instante uma jovem de cabelos escuros observava de sua tenda a velha mangando do seu povo. 

Muitos anos se passaram, e a população da aldeia diminuía cada vez mais. Então, a jovem indignada com tantas tragédias na aldeia Ottawas partiu para a grande floresta em direção à montanha encantada “Santuare”. Lá se encontrava o santuário de sacrifícios. Ao se aproximar do santuário a garota escuta um barulho, ela se abaixa camuflando o seu corpo com os cabelos, na escuridão de um vale, mas ela percebe que não há perigo, pois o barulho foi provocado por Zípora que ornamentava o santuário com o sangue de um lobo ferido. Logo a velha Zípora vai embora, deixando o lobo amarrado com uma tira de embira. 
Assustada, a garota sai do vale e se aproxima cautelosamente do lobo, como um filhote de gato curioso, e diz assustada: 

__ Psiu! Calma! Eu irei te ajudar! 

Desamarrando-o e curando o ferimento. O lobo diz com tom afogante: 

__ Muito obrigado! 

Assustada com a voz do animal, ela não consegue acreditar e pensa que está sonhando. Ao perceber que a jovem estava apavorada, o lobo tenta acalmá-la. 

__ Não se assuste, eu não vou fazer mal algum a você! Qual é seu nome moça? 

A jovem recupera o fôlego, e agora mais calma, ela se volta para o lobo e diz. 

__ Eu? Há! Eu sou Luna, filha do caçador AD BÁ, que também sumiu na noite negra sem deixar rastro, e até hoje eu procuro por ele. Mas, quem é você? 

Surge então um silêncio e o animal ferido fita os olhos na jovem Luna com olhar melancólico, e logo as lágrimas brotam dos olhos da fera que fica inerte. 

Luna se aproxima dele cheia de compaixão e com seus logos cabelos negros enxuga as lágrimas do lobo, acaricia os seus pelos e diz: 

__ Olha eu estou à procura do deus lobo, para pedir- lhe que devolva as pessoas desaparecida e deixe de fazer maldade. 

O animal a observa com olhar de admiração, pois Luna era a jovem mais formosa que ele tinha visto. Ela era morena clara de porte alto e corpo formoso e irresistível. Luna continuava acariciando seu pêlo. Então o lobo resolve desvendar todo mistério. 

__ Olha Luna! Não existe nem um deus lobo, a moça se assusta, e ele a acalma. 

__ Não se atemorize, essa estória de deus lobo foi invenção da velha Zípora. Ela é uma bruxa malvada que retira o sangue das pessoas e faz magia negra na esperança de tornar-se jovem, depois transforma as pessoas em lobo. 

__ Ah! Então você não é um lobo falante e sim uma vítima da bruxa malvada? 

__ Sim. Respondeu a fera. 

__ Eu sou um príncipe filho do rei Adriel do reinado dos Antares. Meu nome é Daniel. Certo dia eu me afastei do castelo para passear no bosque e foi quando fui enganado por uma senhora para tentar ajudá-la. Ela me apanhou de surpresa, batendo-me com um cordão feito de chocalho de cobra-cascavel, então a minha vida mudou e me transformei nessa terrível fera, e para quebrar o encanto não só meu mais de todas as vítimas, a bruxa tem que morrer picada por uma cascavel Luna então levantou se e disse: 

__Fique aqui que eu vou te ajudar! Não saia daqui! E lá ela chamou seus tios e contou lhes todo o mistério. E eles conseguiram capturar uma cobra-cascavel. Depois eles amarraram a bruxa Zípora colocaram-na em um poço e soltaram a cobra que estava irritada e começou a picar a bruxa má até a morte. 

A jovem Luna pegou o cordão de chocalho de cascavel e correu em direção à fera. Chegando lá ela passa o cordão sobre todo seu corpo, e o animal se transforma em um lindo príncipe. 

Luna fica encantada com a beleza do jovem. Depois eles saem e encontram os outros lobos e retira o encanto deles, e eles voltam para a aldeia. 

O príncipe Daniel se encanta com o charme e a beleza de Luna e pede-a em casamento. Ele se casa e volta para o seu reinado com a jovem, Luna, e os dois viveram felizes para sempre. 

SANTOS. Euler Jackson Jardim & COUTO. Almerindo Reis. Conto: A Aldeia dos Ottawas. Disponível em: https://prosasobreversos.blogspot.com/

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