segunda-feira, 8 de junho de 2020

Crônica: A mancha marrom.

Não se tem muita coisa para fazer no Paraguaçu, além de plantar morango, criar porcos, vacas, galinhas, cultivar verduras e legumes para vender na feira da cidade. Numa manhã de domingo eu estava sentado no sofá assistindo televisão, quando levei um susto com uns gritos, era meu amigo me chamando para jogar futebol no campinho de terra perto de casa. Disse a ele que sim, mas que já estava próximo do meio dia.

Desliguei a TV e ficamos no sofá envolvidos com um joguinho de celular, “Free Fire”, para ser mais claro. A hora passou num instante. Depois de um tempo minha mãe disse que o almoço já estava pronto e que já era hora de almoçar. Chegando à cozinha sentimos aquele cheiro gostoso, comida de fogão a lenha, hum! Delícia. Galinha caipira cozida, porco assado no forno, godó de banana, cortado de mamão, maxixe, palma, arroz, andu, suco de morango, doce de leite, aimpim frito...preparados no capricho.

Lá em casa é assim, minha mãe coloca a comida no prato para todo mundo. Colocou um prato de comida enorme para meu amigo, uma serra. Ele olhou para mim dizendo que não conseguiria comer toda aquela comida, minha mãe disse que se não conseguisse comer tudo pudesse deixar no prato. Como se esperava, comeu toda a carne e deixou quase todo o resto.

Depois do saboroso almoço, ficamos descansando no sofá assistindo um filme sobre cavalos, de repente meu amigo pergunta onde se localiza o banheiro, ensinei logo o caminho. O banheiro fica bem nos fundos da casa, logo após a cozinha e próximo da lavanderia. Casa de fazenda é comprida...

Passados dez minutos, meu amigo retorna ao banheiro e assim o fez por umas cinco vezes. Na última, mamãe estava tomando banho e ele retornou todo tímido dizendo que não estava se sentindo bem e que iria embora. Não demorou muito para perceber a mancha marrom no shortão branco.

E lá vou eu pegar uma roupa limpa e pedir a minha mãe para fazer um chá enquanto ele tomava um banho. Enfim, o motivo da visita não aconteceu e o jogo ficou para outro dia.


FREITAS. Caique Pereira. Crônica: A mancha marrom. Produção orientada pelo professor Euler Jackson Jardim dos Santos em agosto de 2019 na EMAM – Escola Municipal Auto Medrado. Povoado de Capão da Volta, Ibicoara-BA. Disponível em: https://prosasobreversos.blogspot.com/


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