Poema: Adeus Campinas das flores, os doutores do casarão.

Terra boa de se morar

Não sei se algum dia, lá eu posso ir

Que é lugar de muita água

Eu não vejo correr rí.

Viva o padre Geraldo

E viva o padre Nercy.

Para comprar os curativos

Precisa ir ao laboratório.

Viva o padre Moura

E viva o padre Osório.

A cidade de Campinas

É uma cidade melhor.

Viva o padre Nogueira

Viva o padre Jacó.

Os doutores do casarão

São doutores que não tem medo.

Viva o padre Eduardo

E viva o padre Pedro.

Eu parti para o casarão

Fui arrancar os dentes

O doutor me esperava

Ele já estava ciente.

Quando eu cheguei lá

Tacou o ferro no dente.

E disse: é pra tirar um duelo

O ferro engastalhou

Ele bateu de martelo.

Se é cabra esmorecido

Tinha derramado o fel.

Os doutores do casarão

São homens pra consultar

Indo para a Santa Casa

Deus ajuda e tem de sarar.

Eu não fui operado

Porque a anestesia

Não quis pegar.

  

Ainda ia buscar longe

Eu não podia esperar

Já estava com muitos dias

Eu precisava de viajar.

Parti para o Penido

Com o doutor eu fui falar.

Ele me disse fica,

Que amanhã eu vou lhe operar.

Quando fui no outro dia

Ele foi me operar

Com espaço de dez dias

Os pontos ele foi tirar

Com onze ele me deu alta

Já você pode viajar.

Vim andando pelo caminho

E peguei pensar

Que viver estava caro.

Viva o padre Virgílio

E viva o padre Mário.

Na igreja de São Benedito

Encostando não atrapalha.

Viva o padre Betine

E viva o padre José Mayer.

Ao amigo padre Nilson

Ofereço esta poesia

Louvando o nosso Xaxá

Com muita grande alegria.

Eu nasci m Barra da Estiva

E moro no Sincorá.

Francisco Gomes Jardim

Não nego o meu naturá.

Vou fazer minhas devoções

Agora vou ultimar

Entro na mata escura

Pego onça com a mão.

Feliz de quem acredita

Na virgem Conceição.

JARDIM. Francisco Gomes (in memorian). Poema: Adeus Campinas das flores, os doutores do casarão. Barra da Estiva-BA. Outubro de 2014. Disponível em: https://prosasobreversos.blogspot.com/